PAPO DE MENARCA

“Eu aprendi a menstruar depois dos 40!”

Frase que tenho repetido nos últimos meses. Ou mais precisamente, nos últimos dois anos.

Quando comecei a ter distúrbios no meu ciclo – dores, sangramento excessivo, inchaço, TPM exorcista – fui procurar ajuda. Da ginecologista alopata até o médico com uma visão mais integralista.

E em todo lugar, de uma forma ou de outra, eu escutei: você precisa entrar em contato com o seu feminino.

Nessa hora dava um nó na minha cabeça. Eu nasci com uma vagina, útero, ovários. Menstruo desde os 11 anos. Tenho um filho em outro plano e uma filha. Na minha experiência, eu vivi (e vivo) todo o rolê do tal “meu feminino”.

O que mais posso fazer ?!?!?!

Não achei respostas. Só muito sangue. O diálogo era visceral e líquido. Cada vez mais sangue. Alguns episódios inesquecíveis de dores. Um inchaço constante, vivia tendo o lugar no metrô cedido, como se eu estivesse numa gestação eterna.

E o tal feminino, cadê?

O “feminino” não se apresentou. Porque eu queria uma mensagem clara, com texto e imagem para consulta sempre que necessário. Não teve. Nem livro, nem ebook, nem diagrama pra printar.

Tive que deixar de querer entender com a mente e viver na experiência total. Me perceber cíclica e me surpreender com a disposição na ovulação, com as trevas internas na TPM e menstruação.

Abrir espaço para a intuição bombando. Passar noites tensas com sonhos e ao despertar estar exausta do trabalho realizado.

E acolher a menina que fica na porta do banheiro querendo ver o que tem na calcinha da mamãe uma vez por mês. “Também vai acontecer comigo, mãe? Vai, sim, filha! E é incrível!”

E segue a transmissão do “tal” feminino. Que se vive. Não se explica.

Lives 2020

Papo de Menarca – episódio 1

Dinah convida Fernanda Toscano – @fertoscanooo, terapeuta de Medicina Tradicional Chinesa. Formada em Dietoterapia e Fitoterapia Chinesa e Brasileira pelo CEMETRAC. Artista da imagem, palavra e do corpo. No YouTube, conteúdo semanal no canal ‘Raízes da Cura’. E produz o Blog colorindoarima.blogspot.com

Papo de Menarca – episódio 2

Nós somos ímpares, mas a gente gosta de andar em par 💛

Nesse segundo papo, falo com a minha amiga Adriana Azenha, atriz, diretora e professora de teatro, poeta, dramaturga, bruxa, feminista e mãe do Victor e do Guilherme. “Ser mulher é BOM. Menstruar é BOM”.

@a.azenha encerrou a live lindamente com a leitura do conto “CEM ANOS DE PERDÃO”, de Clarice Lispector. E quase que a gente não termina porque a vontade é de prosear, nessa troca gostosa de narrativas e experiências.

Ela citou também o livro “A ARTE DO ROMANCE” da bruxa mor, Clarice Lispector.

Papo de Menarca- episódio 3

Como um brócolis pode ser igual ao outro??? Se cultivados em solos diferentes, manipulados de formas diferentes, serão iguais?

Nesse terceiro papo, falo com a minha nutricionista Carla Anahí, especialista em cuidados integrativos, fitoterapia, terapia crânio sacral e constelação Familiar e Sistêmica. “A nutrição é sobre escolhas, alimentares e de vida.”

E no fim tivemos que aceitar a morte e entender os fins. Ou os reinícios?!?!?

Não conseguimos finalizar a live, mas corram no site da @carla.anahinutri – http://carlaanahi.com.br/ – que ela disponibiliza muitas informações e inclusive a sua monografia “A nutrição dos aspectos fisiológicos e arquetípicos da mulher como suporte para o ciclo menstrual saudável e processos de individuação.”

Papo de Menarca- episódio 4

A partir de dezembro, PAPO DE MENARCA vai ter live aos sábados também, uma vez por mês!!!

Amanhã, sábado 05/12 às 19h10 aqui no Instagram @dinah_feldman converso com @areconexaofeminina

Agni Avesha é terapeuta integrativa, completamente apaixonada pelos mistérios do Universo feminino e também por potencializar em cada mulher a sua Reconexão Feminina.

É facilitadora de cursos e vivências do Sagrado Feminino, e também atendimentos individuais onde compartilha conhecimentos de ancestralidade feminina e terapias integrativas para o despertar e a conexão da potência feminina.

Ela conta: “o Sagrado Feminino, em especial os yoni eggs e sexualidade sagrada, apareceram na minha vida há alguns anos, quando mergulhei fundo em minhas dores buscando a cura de traumas por abuso sexual. Hoje, ajudo mulheres a conhecerem sua sexualidade sagrada,
desbloqueando sua energia sexual.Sou grata por fazer parte da jornada e transformação de muitas mulheres.”

Papo de Menarca – episódio 5

Vivemos em uma sociedade que nega a própria natureza. Como podemos trazer para a discussão central as questões tidas como “coisa de mulher”?

Conversei com @paula.autran , doutora em artes pela USP, escritora, jornalista e professora de escrita. Ela conta que viveu com intensidade os processos do feminino desde a menarca, passando por duas intervenções cirúrgicas, gravidez e menopausa precoce.

Um papo necessário, que deveria estar nas conversas dentro de casa, nas escolas, no bar, nas festas para que pudéssemos acolher quem precisa e desmistificar os processos naturais que são vividos por metade da população mundial e impactam a todos.

As consequências da chuva afetaram um pouco a imagem da live. Sugestão: coloque o fone, feche os olhos e vem prosear com a gente!

Papo de Menarca – episódio 6: “O ser humano não respeita aquilo que não conhece!”

Conversei com @driguarniero. Adriana é terapeuta, tendo como base o Tarô e demais oráculos em atendimentos e dinâmicas em grupo. É líder de Cantos da Sweet Eagle Tribe Medicine, no Brasil e na França. Guardiã da energia nas Cerimônias ritualísticas deste grupo e Pipe Keeper. Focaliza o Conselho das Anciãs das Treze Luas, Cosmologia das Rodas e demais atividades atreladas ao Caminho Vermelho.

Começamos a live falando da importância das histórias no caminho da cura. Ouvir outras narrativas e compartilhar o que foi vivido como uma forma de validar a experiência e iluminar o caminho para quem vem depois de nós. Ou até ajudar quem veio antes a entender os próprios processos.

Quando ela menstruou ela decidiu que ninguém, nunca, iria saber. Mas logo a força daquele acontecimento rompeu a ilusão de controle da situação e “Adriana virou mocinha!” ressoou por todo canto. A sua trajetória na área da saúde e depois na área da saúde com uma visão espiritual acabou favorecendo um novo olhar sobre os próprio corpo e seus processos, e hoje ela pratica esse cuidado com outras mulheres.

“O feminino é a sustentação, o zelo, o suporte para criar a vida.” Na sua prática como terapeuta e facilitadora do Conselho das Anciãs, Dri auxilia mulheres a se conectar com a sua natureza. Para que depois elas possam também se harmonizar com o oposto complementar a partir da conexão com sua essência. Vale a pena escutar a fala da Adriana. Falamos de alguns temas da “moda”, como o sagrado feminino, e a visão dela é muito objetiva e validada pela experiência profunda: “a sagrado é tudo aquilo que dá sentido.”

Papo de Menarca – ep. 7: a importância do lugar das coisas dentro da gente

De Cricklewwod para o INSTAGRAM!

Na última live de 2020, eu conversei com a minha amiga Suzana Franca (@mobilis.espaco ), fisioterapeuta com formação no método GDS de Cadeias Musculares e Articulares e professora de Pilates. Atualmente, cursa a formação em osteopatia pelo IBO.

E papo entre amigas nem dá vontade de desligar!

Para Suzana, menstruação sempre foi sinal de saúde. Ela ressaltou tanto na sua observação do próprio corpo, quanto na sua prática em consultório e sala de aula, a importância de localizar os órgãos dentro do corpo (o útero, por exemplo, é pequenino, aproximadamente 7cmx5cm).

E também a importância da prática da visualização como caminho para se apropriar do próprio corpo. Uma forma poderosa e estruturante de se auto-observar, uma vez que o desconhecido gera medo e afastamento.

“O lugar das coisas dentro da gente é muito importante!”

Essa frase, dita no contexto concreto do corpo, também nos levou a conversar sobre o lugar que ocupamos como referência para outras mulheres, outros femininos e até para nossas filhas.

“Estamos numa era da informação óbvia. Mas há transmissão de informações que não são óbvias, transmitidas pela presença. O corpo comunica.”

Para as meninas em idade de menarca e para todas nós durante a vida menstrual, alguns pontos do nosso papo:

1. Conhecer o lugar das coisas dentro do corpo;

2. A importância da escuta, sem julgamento, mas com reconhecimento;

3. E lembrar que o equilíbrio é dinâmico, muda o tempo todo.

Assim, conhece teu corpo, se apropria dele da forma que você encontrar.

Uma atividade física – pilates, dança, patins. E que pode mudar também ao longo da vida. Ou representar o corpo com argila, desenhá-lo.

Como você vai achar essa forma faz parte da sua história. Acolhe o corpo como puder. E mantenha-se disponível, pois, ao longo da vida, essas formas vão mudar.

“A gente também não é só corpo, mas é através dele que a gente se expressa!”

Falando de Menarca

“A forma como uma garota lida com a sua primeira menstruação diz muita coisa sobre quem ela é e sobre quem se tornará.”

Michele Jaffe em ‘meu livrinho vermelho’

Quando eu estava muda de vergonha olhando para o primeiro sangue na minha calcinha, não havia internet, grupos de mulheres, informações na palma da mão, livros, blog, podcasts, ginecologia natural, terapeutas femininas, nem o Google para trazer algum entendimento. Eu li ‘De onde viemos’, mas não ajudou muito…

― Dinah Feldman